sábado, 13 de outubro de 2012

II



Voar sempre esteve nos sonhos de Paulina. Quando era bem criança, sonhou com seu primeiro voo. Eram em tons de cinza claro, escuro, preto e branco, mas ela insistia em acrescentar outras cores às imagens, indo contra afirmação que sonhamos em preto, branco e cinza. Desde então, o mesmo sonho a visitava sempre – Ela se via voando alto, plainando sobre o bairro onde morava e assistia a vida das pessoas, sentia-se onipresente e onipotente.
Em uma dessas viagens aéreas, viu um senhor se esforçando para colocar um alto falante em cima de uma árvore. Ele era uma espécie arauto das coisas divinas e a menina se compadeceu, tentou descer para ajuda-lo, mas não conseguia aterrissar. E percebeu que voar tinha seu preço e não havia como interferir nas cenas que assistia do alto do seu privilegio de ser quase Deus. 

Simone Fernandes.

6 comentários:

  1. Quando se voa, às vezes não dá para voltar ao chão com tanta facilidade...
    Abraços, Si!

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  2. Já estava na hora de reavivar o Balaio e Paulina sempre tem muito o que contar.

    Passei com ela pelos ares e deu até pra sentir a aflição em não poder ajudar o senhor a colocar o auto falante.

    Surreal e lindo. Surreal e tu!

    Teria Paulina "avoado" com as tuas asas de passarinha?

    Beijo, preta.

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    1. Quando senti Paulina, percebi, como aquela música dos Titãs- Nem sempre se pode ser deus.

      Beijos, Leonel e Milene.

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  3. As avoantes estão arribando. E as procelárias não pousarão enquanto houver vento. A mensagem está no voo.

    Abraços, meninas.

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  4. Este poema-comentário
    É coletivo, ao contrário
    De outros, individuais;
    Feito com tesoura e cola
    Como um trabalho de escola
    Para afixar em murais.

    Tantos amigos eu tenho
    E a todos eles venho
    Desejar bom Ano Novo
    Repetindo com preguiça
    Esta mensagem postiça:
    Bom recomeço, meu povo!


    Feliz 2013, Si.

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  5. Pois é....

    enquanto a casa cai
    o pranto estilhaça
    a certeza sem cabimento
    de crer em tijolo
    e cimento

    e a gente então voa.


    [mas bem que você poderia voltar né?]


    beijo

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