Não há nada que me
agrade mais do que conhecer pessoas. Eu consigo passar horas olhando alguém,
reparando seus gestos, sons e expressões involuntárias.
E por isso, percebo
coisas que ainda me atemorizam quanto ser sociável que aspira ter um tantinho
de cultura e educação. E esse meu pasmo, pode parecer infantil, piegas ou
romântico. Mas, estar em pleno século XXI e constatar que muitas pessoas ainda
vivem um comportamento “pequeno- burguês” de séculos passados, ostentando
atitudes que classificam de classe, ignorando ou exaltando outras de acordo com
seu status, leia-se, poder econômico. Negando gentilezas que gerariam um mundo
melhor e eu não estou falando de uma utópica ideia de igualdade social, mas de
um sentimento de humanidade. Apavora-me!
Há pouco tempo fiz uma
viagem e o primeiro abraço que recebi foi do taxista que foi me buscar no
aeroporto e gentilmente me levou pelo percurso mais bonito da cidade, sem cobrar
nada mais do que já tínhamos acertado. Chegando ao hotel, novamente fui afagada
pela generosidade de dois atendentes que me ofereceram uma água com gás e se
recusaram a receber por isso e lamentaram que àquela hora (uma e meia da
madrugada) não tinham mais suco ou outra coisa melhor para oferecer. E no
decorrer do dia recebi de braços abertos todas as outras demonstrações de vida
humanitária vinda de um grupo que, muitos chafurdados num lamaçal de soberba,
protocolos ultrapassados e etiquetas tão boçais, tratam como invisíveis.
Não cumprimentar o
porteiro; não agradecer uma camareira, não responder- sim, por favor; não,
obrigada; negar agradecimento por algum serviço prestado; nos torna melhores ou
superiores a quem?
O meu olhar constrói e
desconstrói o feio e o bonito.
“Eu não espero pelo dia
em que todos os homens concordem, apenas, sei de diversas harmonias possíveis,
antes do juízo final”.
Simone Fernandes.